Mentiras e verdades da inovação: tudo sobre o tema

Implementar uma área de inovação em uma grande empresa é um empreendimento único, que gera muitas dúvidas. Venha descobrir as mentiras e verdades da inovação!

Junto a isso achamos interessante visitar ecossistemas de inovação mundo afora, mas há valor em conhecer e reconhecer as experiências “made in Brazil”.

Compartilho aqui o que vi e aprendi visitando 4 corporações – Nestlé, Ambev, BTG Pactual e Vivo (Telefônica) – durante a jornada do Benchmark Field Trip, promovido pela Future Dojo, nos dias 24 e 25 de abril.

Como a Nestlé implementa a inovação

Veja também: O que faz a Nestlé ser considerada uma das empresas mais inovadoras do Brasil

Na companhia que detém marcas presentes nas nossas casas há décadas, a inovação está
a serviço de algumas estratégias que me pareceram muito claras: crescimento de receita de
modo cada vez mais perto do consumidor (D2C), eficiência e ESG. Destaco, em relação ao
movimento de direct-to-consumer, o portal Receitas Nestlé, um experimento particularmente
interessante de P&D (desenvolvimento e testagem de novas receitas) funcionando de forma
aberta e em colaboração com os consumidores, aliado a uma estrutura de comunicação de
marca, engajamento e produção de conteúdo. Além disso, o Empório Nestlé, o espaço no varejo das
marcas da companhia.

Nas esteiras de inovação, há desde a área dedicada a ser um laboratório de novos
negócios que vão “beyond product” a um hub de inovação aberta com o Panela Nestlé, que,
por exemplo, captura demandas das demais áreas da companhia e os resolve por meio do
relacionamento com startups. Dessa forma, a robusta governança do Panela refere-se a como o time
conseguiu definir muito bem capacity de projetos, critérios do pipeline de inovação etc. E,
dentre tantos projetos, chama a atenção a sinergia das áreas de Inovação e ESG,
evidenciando o quão assertivo pode ser unir essas duas ferramentas em prol do
crescimento sustentável.

Em especial, a missão dos novos negócios me chamou a atenção: construir capability
organizacional, na medida em que estão dedicados a desafiar o status quo corporativo,
abrindo caminho para quem quiser fazer o mesmo dentro da companhia. Assim, é a cultura de
experimentação em essência, aliada a uma visão de escala e descentralização da inovação.

Veja também: 6 maiores desafios para empreendedores no Brasil

Ambev – inovação como alavancagem em um oceano azul

Se imergir na inovação da gigante indústria de bebidas já parece tirar o fôlego, imagine
quando esta empresa revela ser um ecossistema de soluções para os consumidores e
bares – Zé Delivery e Bees. Isso é um resultado de consolidações de empresas e expansão para
novos mercados nos últimos anos, a inovação na Ambev não poderia ser nada menos do
que descentralizada para ser escalável.

Além disso, na área de Inovação em Produtos, observei algumas boas práticas de como executar
inovação no core do negócio. Antes de liderar “inovações”, é necessário liderar a estratégia.
No caso dos produtos da Ambev, conhecer a categoria, o posicionamento das marcas, as
tendências de consumo e as necessidades do consumidor. Um exemplo a partir disso
descobrir e criar o produto inovador (assim definido de acordo com drivers próprios que
fazem sentido para a estratégia da companhia).

Exemplo: se, ao analisar as métricas do portfólio de produtos, percebe-se baixo share em
uma categoria relevante, ou ainda a inexistência de uma marca da companhia em um
mercado oceano azul, a inovação se coloca como esta alavanca, na mesma medida em que
poderá ser menos necessária (ou mais incremental) para os produtos vacas leiteiras. E assim uma
vez definida a arena de inovação, entra em cena o processo de novos produtos (discovery,
design, develop e deploy) sem deixar de lado o “back do basics”: produto, praça, preço e
promoção.

Veja também: Porque você deve ter uma tese de inovação

BTG Pactual (Boostlab) – Perfil intraempreendedor fundamental para inovação

A partir do objetivo de se firmar no segmento de varejo digital bancário, o BTG, por seu
turno, tem transformado a cultura corporativa, trabalhado e investido em startups e também
criado um ecossistema, com produtos como o BaaS (Banking as a Service). O papel do
programa de inovação Boost Lab (reformulado depois de 10 batches) foi fundamental para
transformar a cultura e trazer startups relevantes para os objetivos do negócio, fossem
como fornecedoras ou investidas do banco, participando em soluções desde o aplicativo do
banco para contas digitais até em novos negócios.

Aliás, o Boost Lab pareceu tão efetivo para a companhia nos últimos anos que, em seu
novo formato, o programa de conexão com startups atinge uma categoria que considero
premium: geradora de novas receitas. O BTG, portanto, tem aplicado a inovação aberta da
maneira mais completa: tanto out-in, em que soluções externas são trazidas para dentro da
empresa, quanto in-out, em que novas soluções construídas a partir do core ou dos
capabilities da empresa são comercializadas em consonância com outros players.

Assim vi a relação à estruturação do BaaS como novo produto do BTG. Todas as iniciativas com
que tive contato nesta visita – Boost Lab, aplicativo do banco e o BaaS – me revelaram,
sobretudo, um espírito intraempreendedor, fundamental para inovar.

Vivo – Expandindo ganhos através da inovação

Para compreender a inovação na Vivo, é preciso, antes de tudo, pacificar que inovação não
é one-size-fits-all e que cada veículo atende a objetivos diferentes. Desse modo, a Vivo conta
com uma área de novos negócios, com a Wayra e com diferentes veículos de Corporate
Venture Capital, dedicados a uma fatia específica de cheques para investir em startups,
além de também perseguir a inovação como uma prática descentralizada.

Os novos negócios exploram, não apenas com startups, mas também por meio da
construção interna de produtos e por meio de JVs com outras grandes empresas (caso da
Vivae, startup de empregabilidade formada com a Ânima Educação), por exemplo,
oportunidades além do core, endereçando outros horizontes de inovação. Dessa maneira, este exercício
nunca é sobre abraçar o óbvio já que na Vivo, esta área descobre, modela e incuba estes novos
negócios até que tracionem e possam virar uma unidade de negócio por si só.


Por outro lado, a Wayra, que nasceu como aceleradora de startups, hoje complementa uma esteira de
fundos de investimento corporativo locais e globais da Telefônica, que conta ainda com Vivo
Ventures, Telefônica Ventures e Leadwind. Juntos, cobrem todo o “lifecycle” de investimento
em startups. Por fim, um componente essencial nesta estratégia é que a companhia busca
fazer negócio com as suas investidas, expandindo os potenciais de ganhos.

Para fazer jus ao título: Duas Mentiras e uma verdade sobre inovação

  1. Para inovação acontecer é necessário centralizar os projetos e as iniciativas
    inovadoras da companhia: definitivamente é uma mentira. A missão fundamental
    que recebi quando assumi a área na Via foi tornar a inovação descentralizada. Dessa forma, isso
    não significa, falta de gestão e governança.
  2. Inovação precisa ser trancada a sete chaves: definitivamente outra mentira, pois
    todas as empresas acima demonstraram sucesso justamente por compartilhar
    algumas de suas estratégias com o chamado ecossistema de inovação (do qual não
    fazem parte apenas startups, vale lembrar). Assim, trabalhar em parcerias acelera os
    resultados e encurta caminhos. Mas isso absolutamente não decreta o fim dos NDA.
  3. Inovação não é tudo igual: acredito nessa verdade, pois a inovação de cada
    empresa é única, sendo reflexo de um conjunto de fatores: liderança, cultura,
    modelo de negócio e as forças da indústria que incidem na competição entre
    companhias, para citar alguns exemplos. Além disso, mais uma vez, isso tampouco significa que
    boas práticas não devam ser compartilhadas e, com todo respeito, copiadas.

Você tem interesse em conhecer por dentro o processo de inovação das maiores empresas do País?

A Benchmark Field Trip é a primeira expedição de inovação do país. Juntos, passamos 2 dias imersos dentro das empresas mais inovadoras de SP. Dissecamos cultura, estratégia e cases que estão dando resultado HOJE para as big corps.

Esse texto, por exemplo, foi todo feito por nosso aluno, Gabriel Vasconcelos, só com os insights que ele tirou da expedição.

Veja o que esperar da Benchmark Field Trip:

  • Cases disruptivos e diferentes dos que você aprende por aí
  • Construção de estratégias assertivas para o seu momento
  • O dia a dia de empresas fechadas ao público
  • Momentos de descontração e claro, um coquetel completo de encerramento

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